Breves
comentários sobre o II PND,
a "falência" do modelo econômico do “milagre econômico” e quais
heranças foram deixadas para os governos posteriores e para a sociedade
brasileira.
Diante de gigantescos empréstimos externos concedidos ao Brasil e à crise do
primeiro choque do petróleo, o governo evitou fazer sintonia com a recessão
mundial e implementou o II PND, tal qual ele havia sido planejado
(Tavares e Assis, 1986).
Os investimentos internos propostos por esse programa geraram uma descontinuidade de
demanda por recursos do setor público para o setor privado, através da justificativa de
reforçar equipamentos e serviços especializados de engenharia de projetos. A
ideia era que o crescimento do investimento público crescesse indefinidamente,
descolado do seu próprio mercado. No exemplo, Tavares e Assis (1986) menciona Itaipú, apontando
que o objetivo era construir vários do tipo e porte, independente da demanda
interna por energia, a isso se conclui investimentos à capacidade ociosa aos
megaprojetos do governo.
O Ministro Simonsen
não avaliou corretamente o desarranjo macroeconômico, de inflação, choque de
oferta e regime cambial, não ponderou com precisão os ambientes externo e
interno, o que viria a prejudicar toda a política econômica da década de 80.
O
erro do II PND
foi, diante de todas as variáveis macroeconômicas e microeconômicas, o
fato de não se adotar uma mudança estrutural ao capitalismo interno, porque
seria arriscado contratar mais fluxos de capitais externos, que estavam muito
voláteis à época. Possivelmente, a avaliação era de que seria necessário
desvalorizar o câmbio para gerar saldo comercial positivo e, para não
incentivar a inflação, implantar políticas fiscais e monetárias contracionistas,
de forma tradicional, com gastos públicos reduzidos e juros altos.

O
país cresceu, porém se endividou muito. Ao analisar criteriosamente os
argumentos de Tavares e Assis (1986), é notório que os planejamentos se apresentam sensatos e consistentes, que são
respeitados e admirados. A conclusão que possui peso mais relevante na
avaliação final de todo o II PND é aquela que elogiou o empreendedorismo
da gestão de Simonsen. Afinal de contas, era preciso legitimar o regime pelo viés e
sucesso econômico, vindo ao fracasso após a recessão econômica mundial. Assim,
se construiu uma dívida externa que pressiona as contas públicas até neste
início de terceiro milênio. Porém, a capacidade ociosa herdada do período
militar hoje está beirando à exaustão.
O
Brasil tinha um evidente Plano de Desenvolvimento obstinado a leva-lo à modernização.
Lamentavelmente, não deu certo devido às contingências internacionais
que, objetivamente, levaram-no a adotar algumas das ideias das "políticas neoliberais" para remediar sua dívida vultosa junto ao Fundo Monetário Internacional.
Referências
Tavares, M. C. e
Assis, J. C. O GRANDE SALTO PARA O CAOS. Rio de Janeiro, Editora Zahar,
1986.
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